A GENEROSIDADE VAI ALÉM !
Ninguém discordaria que os verbos compartilhar, doar e servir estão ligados ao Corpo do Messias.
Não existe polêmica quando o assunto é ofertar bens e recursos para o bem comum. Caridade e solidariedade são palavras bem vistas, inclusive por aqueles que não fazem parte da fé.
Até aqui, tudo bem. As reais divergências surgem quando se discute o como, o quanto e o para quem deve-se doar. É aqui que o desconforto começa.
Um dos temas mais controversos e, portanto, mais atacados no Corpo do Messias é o assunto do dízimo. A mera menção da palavra pode servir de gatilho para traumas e abusos que muitas pessoas viveram em diferentes comunidades.
A “obrigação” de se dar 10% de todos os ganhos para o Corpo do Messias soa como fanatismo e manipulação religiosa para alguns.
Será que esse “dever” e porcentagem específica revelam, de fato, o propósito de Deus para a contribuição de seu povo?
Acredite, a métrica nunca foi apenas 10%.
O Antigo Testamento não fala sobre dízimo, no singular, mas sim sobre dízimos, no plural. Havia três tipos de dízimos em Israel, conforme apresentados nos textos da Torah:
Levítico 27:30-34
“Também todos os dízimos da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos das árvores, são do Senhor; santos são ao Senhor. Se alguém, dos seus dízimos, quiser resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante aos dízimos do gado e do rebanho, de tudo o que passar de baixo do bordão do pastor, o dízimo será santo ao Senhor. Não se investigará se é bom ou mau, nem o trocará; mas, se dalgum modo o trocar, um e outro serão santos; não serão resgatados. São estes os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai.”
Deuteronômio 14.22-23
“Certamente, darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher do campo. E, perante o Senhor, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu cereal, do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer o Senhor, teu Deus, todos os dias.”
Deuteronômio 14.28-29
“Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade. Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem.”
Essas três arrecadações possuíam diferentes fins.
A primeira arrecadação de dízimo era destinada à tribo de Levi e provinha das outras 11 tribos de Israel.
Os levitas foram separados por Deus para seu serviço nas questões espirituais e de culto. Diferente das outras tribos, a família de Levi não recebeu uma porção de terra por herança, mas a incumbência de desempenhar, exclusivamente, a intermediação da adoração. O trabalho religioso desempenhado pelos levitas era de imprescindível importância para toda a nação. Por sua dedicação integral, o Senhor ordenou que as outras tribos contribuíssem com o sustento dos levitas. Esse dízimo era do Senhor e para o Senhor, mas a tribo de Levi o administrava e se mantinha através dele.
A segunda oferta de dízimos existia para a celebração das festas sagradas.
Esses festivais relembravam o povo, geração após geração, dos grandes feitos do Senhor e da revelação de sua lei. O dízimo para esses eventos possuía o propósito de ensinar o povo a temer o Senhor e ter zelo por sua palavra:
Deuteronômio 14.23
“E, perante o Senhor, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu cereal, do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer o Senhor, teu Deus, todos os dias.”
Por fim, havia também o dízimo social, destinado ao cuidado dos pobres:
Deuteronômio 14.28,29
“Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade. Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem.”
Ao final de cada três anos, os hebreus deveriam separar o dízimo das colheitas do terceiro ano que serviria para alimentar os órfãos e as viúvas. Diferente dos outros dois, este não era anual, mas ocorria em intervalos de três anos. Se calcularmos a média entre esses três dízimos, chegaremos à conclusão que cerca de 23% das colheitas anuais dos israelitas era oferecida ao Senhor. E isso sem contar com o dízimo real, introduzido na monarquia, e com as demais ofertas. Não é à toa que o famoso versículo do profeta Malaquias afirma que o povo roubava a Deus nos dízimos (plural) e não no dízimo (singular). Essas ordenanças são atestadas para além do texto bíblico, aparecendo nos escritos de Flavio Josefo.
Certo, é inegável que Deus pedia além dos 10% ao seu povo na Antiga aliança.
Mas, e na “época da graça”, como utilizam alguns se referindo ao Novo Testamento?
Como se dá a questão do dízimo e das contribuições na revelação de Yeshua o Messias?
A generosidade abundante do Novo Testamento
Yeshua o Nazareno, sendo judeu, anunciou sua mensagem primeiramente aos judeus. As primeiras pessoas a responderem e darem continuidade à sua missão também eram do povo de Israel.
O Corpo do Messias, em seu nascimento, era composto na sua maioria, de judeus e teve seu início na Galileia.
E o que acontece com o costume dos dízimos e das ofertas? Não há menção alguma de oposição. Pelo contrário, em Mateus 23.23 o Senhor afirma: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”
Ainda que essa passagem não seja uma declaração clara da continuidade dos dízimos, algo fica evidente: o dever de praticar a Lei de Moisés, ou seja, a justiça, a misericórdia e a fidelidade. E as ofertas parecem fazer parte disso. Seguindo para os escritos do apóstolo Paulo, também não há uma menção direta aos dízimos, mas uma abundante presença do tema das contribuições financeiras na vida da Igreja. Apoio aos necessitados e aos líderes das comunidades são assuntos recorrentes nas cartas paulinas. Em 1 Co 9.13-14, Paulo defende o direito dos líderes da igreja de receber sustento financeiro pela dedicação ao ministério.
1Coríntios 9.13-14
“Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho;”
Ele fundamenta sua argumentação com os exemplos do Antigo Testamento, demonstrando que, em semelhança aos trabalhadores do serviço sacerdotal, aqueles que vivem do evangelho devem ser apoiados financeiramente. Em 2 Co 8:1-15 e 9:6-15, o apóstolo incentiva a igreja a contribuir generosamente na ajuda ao Corpo do Messias e pobres de Jerusalém.
2 Coríntios 8:1-15
“Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus; o que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça entre vós. Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça.Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de outros, a sinceridade do vosso amor; pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos. E nisto dou minha opinião; pois a vós outros, que, desde o ano passado, principiastes não só a prática, mas também o querer, convém isto. Completai, agora, a obra começada, para que, assim como revelastes prontidão no querer, assim a leveis a termo, segundo as vossas posses. Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem. Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundância, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta.”
2 Coríntios 9:6-15
“E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça, enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus. Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus, visto como, na prova desta ministração, glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos, enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus que há em vós. Graças a Deus pelo seu dom inefável!”
Um coração generoso deve resultar em ofertas voluntárias no cuidado dos irmãos, segundo Paulo. Ele mesmo, em Filipenses 4, agradece a oferta dos irmãos enviada para suprir suas necessidades na prisão.
Filipenses 4:10-20
“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade. Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece. Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha tribulação. E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades. Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito. Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades. Ora, a nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!”
Ou seja, os crentes são encorajados a contribuir com as demandas do Corpo do Messias, dos necessitados e da obra missionária. Além dos escritos paulinos, temos o exemplo mais famoso, relatado em Atos 2 e 4. Ali os irmãos compartilhavam tudo o que tinham, a ponto de venderem suas posses para que não houvesse ninguém necessitado de coisa alguma entre eles. Diante disso, vemos que a realidade do Novo Testamento supera até mesmo a do Antigo. Afinal, o que era 23% ao ano no passado se torna 100% a partir da revelação do Senhor Jesus.
Atos 2:42-47
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.”
Atos 4:32-37
“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade. José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.”
Como, por que e quanto contribuir hoje?
Vemos o que foi dito por Moisés, Yeshua e Paulo no decorrer das Escrituras acerca das contribuições financeiras. Podemos, portanto, concluir que a obrigatoriedade do dízimo como comumente conhecemos não está revelada claramente. No entanto, as divergências a respeito do tema normalmente se tornam desculpas para aderir a posições que mais agradam as inclinações da carne, não o contrário. Geralmente, quem fala energicamente sobre o legalismo da obrigatoriedade do dízimo o faz para ofertar menos que o mínimo esperado. Por outro lado, existem aqueles que, após contribuírem com os 10%, se veem livres para fazer o que bem entendem com os 90% restantes.
Qual seria, então, o posicionamento correto?
Um dos grandes argumentos de oposição ao dízimo é o fato de, em Cristo, não estarmos mais debaixo da lei, mas da graça. Defende-se que tudo aquilo que estava presente na Antiga aliança ali deve permanecer em uma total descontinuidade com a “época da graça”. (Teoria da Substituição)
Todavia, esse pensamento por si já apresenta algumas contradições com a revelação de Deus e o seu caráter imutável. A graça faz parte do ser de Deus; é um atributo inalienável do Senhor. Ou seja, o Senhor não se tornou gracioso, Ele sempre foi e sempre será gracioso. Não houve um só momento na existência em que Deus não expressou graça. Dizer que não havia graça na lei é não compreender o caráter de Deus e o propósito da própria lei. A lei revelada através de Moisés é uma expressão de maravilhosa graça. Reconhecemos que a graça revelada no Messias Yeshua é transbordante, mas isso não muda o fato de que foi a mesma graça que preparou todo o processo até a revelação do Senhor Yeshua na história. De Gênesis a Apocalipse é a graça de Deus que sustenta toda a narrativa bíblica. Mesmo que estejamos vivendo em um tempo diferente após a vinda de Yeshua, isso não nega a revelação do caráter imutável de Deus Pai revelado no primeiro testamento. Um exemplo claro dessa verdade são os dez mandamentos (Êx 20). Nenhuma daquelas ordenanças se tornaram obsoletas, de forma alguma. Deus continua sendo o mesmo.
Êxodo 20:1-17
“Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o Shabat do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.
Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá.
Não matarás.
Não adulterarás.
Não furtarás.
Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.”
O próprio Yeshua declarou claramente que nada deve ser alterado da Palavra de Deus a Moises:
Mateus 5.17-20
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.”
O Messias não veio abolir a lei, mas cumpri-la, porque, afinal, a lei de Deus é boa e cheia de graça. Ela é perpétua, não irá passar. Por isso também foi dito que se a nossa justiça não exceder, em muito, a dos fariseus e mestres da Lei, de modo nenhum entraremos no Reino dos Céus (Mt 5.20). O que o Senhor espera daqueles que estão no Messias é mais, não menos, do que das pessoas do Antigo Testamento. Essa realidade é expressa em todo o sermão do monte (Mt 5 -7).
A graça, por nos revelar um amor tão incrível, insuperável e inimaginável, nos leva a corresponder a esse amor de tal maneira que, por intermédio do Espírito Santo, podemos viver a justiça do Messias no cumprimento da Lei. Não por obrigatoriedade, mas como resultado do amor. As ofertas e contribuições como expressões de amor. O amor só se manifesta na voluntariedade. Gratidão, adoração e obediência são resultado da abundante graça revelada no Senhor.
Quem ama procura dar o mínimo necessário? Certamente não. Existem exemplos bíblicos que ilustram essa verdade antes mesmo da revelação da própria lei em Moisés.
Em Gênesis 4, antes que houvesse qualquer ordenança acerca de ofertas ou contribuições, Abel separou o melhor de seu rebanho para oferecer ao seu Senhor. No mesmo livro, Abraão, várias gerações antes do nascimento de Moisés, deu o dízimo dos espólios que havia conquistado Gênesis 14. Por quê? Porque as ofertas são uma expressão de amor e adoração.
Gênesis 4:3-7
“Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.”
Gênesis 14:18-20
“Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; 19abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.”
Contribuir e ofertar financeiramente, muito longe de ser uma questão de salvação, é uma expressão de amor daquele que foi salvo por tremenda graça. É uma das formas de glorificar o Senhor com a própria vida. Nenhum dom, talento, trabalho ou mérito provém exclusivamente de alguém, mas do Senhor que concede tudo de bom grado. Ofertar é, portanto, reconhecer e dedicar tudo a Ele. As ofertas voluntárias são mencionadas em diversos lugares das Escrituras. O Tabernáculo, o Templo de Salomão, e sua reconstrução anos mais tarde, foram feitos através de contribuições voluntárias. O que marca cada um desses eventos é a alegria e a dedicação do povo em contribuir com a obra de Deus. O desejo de ofertar era tanto que, no caso do Tabernáculo, Moisés teve que ordenar que o povo parasse de levar ofertas para sua construção. Enquanto através dos dízimos as necessidades dos levitas e dos pobres eram atendidas, pelas ofertas o nome do Senhor foi engrandecido na construção e reconstrução de um lugar para adoração.
Se tudo isso se deu no Antigo Testamento, onde as pessoas ainda não conheciam a revelação de Yeshua e a Nova Aliança, nem mesmo eram morada do Espírito Santo, o que pode ser feito através do Corpo do Messias?
Conhecendo o amor e a graça que nos foi revelada no Messias Yeshua, somos inspirados a fazer mais ou menos que as pessoas do passado?
Através do poder do Espírito Santo, em profunda gratidão, comunhão e amor, podemos ofertar abundante e generosamente nossos bens e recursos para a glória de Deus. Como resultado desse grande amor, oferecemos a Ele não somente nosso dinheiro, mas toda nossa vida em louvor, gratidão e generosidade para que seu nome seja engrandecido em toda terra.
No sublime amor de Yeshua haMashiach.
Yoshua e Shoshana – Mevasseret Israel