Mevasseret Israel

Da Escolha ao Sacrifício - Um Memorial Perpétuo

A palavra Pessach  פסח vem do verbo לפסוח (lifsoach) que significa passar sobre.

‘Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém, quando vir o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta e não deixará ao destruidor entrar em vossas casas para vos ferir. ‘

Êxodo 12:23

No livro de Levitico, capitulo 23 vemos a descrição dos moadim, os tempos escolhidos por Deus para nos encontrarmos com Ele.

Esses moadim, ou Festas do Senhor, são eventos proféticos que apontam para o plano da Redenção de Deus para a humanidade. Eles apontam para a Primeira e a Segunda Vinda do Messias Yeshua.

O nosso povo, o povo de Israel, mesmo em sua grande maioria não tendo a revelação de quem é seu Messias, ao celebrar estas datas memoriais, profetizou e continua profetizando a vinda de Yeshua, ou seja, a sua própria Redenção.

O Shabat é o primeiro moed descrito em Levitico 23 e é um padrão para todos os outros moadim.

Levítico 23:3

‘Seis dias obra se fará, mas o sétimo dia será o sábado do descanso, santa convocação; nenhuma obra fareis; sábado do Senhor é em todas as vossas habitações.’

Todos os moadim, ou Festas do Senhor, são um Shabat, ou seja, um dia de descanso das obras comuns, um dia de Santa Convocação, um dia separado, santificado para o encontro com nosso Criador.

No inicio do Shabat em toda casa judia se come o pão e o vinho, apontando para a primeira ceia que foi servida a um hebreu.

Gênesis 14:18

‘E Melquisedeque, (em hebraico – מלכי צדיק Malkitzadik – meu rei é justo) que era rei de Salém (ou Jerusalem) , trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do Deus Altíssimo.’

Além disso, a ceia do sétimo dia, do Shabat, está profetizando sobre o sétimo milênio, o dia que descansaremos e cearemos com Ele na eternidade.

Apocalipse 19:9

‘E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus. ‘

Mas agora vamos falar especificamente do moed de Pessach ou também chamado  Chag HaPessach.

Êxodo 12:1-3

‘E falou o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada casa. ‘

No dia 10 do primeiro mês, dia 10 de Aviv, um cordeiro era separado e escolhido pela congregação de Israel, para ser imolado.

Êxodo 12:5-6

‘O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras e o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. ‘

Do dia 10 ao dia 14 de Aviv o cordeiro seria inspecionado para verificar que nele não havia defeito algum, para enfim no dia 14 a tarde ser sacrificado por toda a congregação de Israel.

Nos evangelhos nós vemos que 4 dias antes de Yeshua, nosso Cordeiro, ser imolado por nós, Ele foi separado e escolhido pela congregação.

João 12:12-13

‘No dia seguinte, ouvindo uma grande multidão que viera à festa ( a festa de Pessach) que Yeshua vinha a Jerusalém, tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor! ‘

Ali naquele momento a congregação de Israel escolhia e separava para si o seu cordeiro em Jerusalem.

Porém nos proximos 4 dias, até 14 de Aviv, Yeshua foi inspecionado pelos sacerdotes e líderes para que fosse comprovado a todos que Nele não havia defeito algum.

João 18:12-13,19-21

‘Então, a coorte, e o tribuno, e os servos dos judeus prenderam a Yeshua, e o manietaram, e conduziram-no primeiramente a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. E o sumo sacerdote interrogou Yeshua acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Yeshua lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto. Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito.’

Depois vemos Yeshua sendo inspecionado por Pilatos.

João 18:37-38

‘Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Yeshua respondeu: Tu dizes, que eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isso, voltou até os judeus e disse-lhes: Não acho nele crime algum. ‘

Isaías 53:9

‘Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.’

Vamos continuar lendo sobre Pessach em Exodo 12 agora nos versos 7 a 9.

‘E tomarão do sangue e pô-lo-ão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães asmos; com ervas amargas a comerão. Não comereis dele nada cru, nem cozido em água, senão assado ao fogo; a cabeça com os pés e com a fressura.

Queridos, até hoje, o Pessach é celebrado nas casas. Nós sentamos em familia para assar e comer o cordeiro juntos, com as ervas amargas e os pães asmos, pães sem fermento.

Sabemos que o fermento representa o pecado, mas e as ervas amargas? Elas representam o sofrimento vivido por nosso povo antes da libertação da escravidão do Egito. Da mesma forma, entendemos que a maioria de nós só consegue comer o Cordeiro depois de experimentar as ervas amargas, ou seja, quando passamos por lutas e aflições, o nosso coração amolece, aí então, nós clamamos ao Senhor, Ele vem para nos salvar e então somos dignos de comer da Sua carne.

Neste jantar de Páscoa, neste momento memorial nós aproveitamos para ensinar aos nossos filhos sobre a Salvação.

Êxodo 12:26-27

‘E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este vosso? Então, direis: Este o sacrifício da Páscoa ao Senhor , que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios e livrou as nossas casas.

É assim que Pessach tem sido ensinado ao nosso povo, desde 3500 anos atras, até os dias de hoje, ledor vador, de geração em geração.

Vejamos que Yeshua celebrou o Pessach com seus discipulos, sentados a mesa, numa casa, como uma familia.

‘E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, (Pessach) antes do meu sofrimento. Chegada a hora, pôs-se Yeshua à mesa, e com ele os apóstolos. ‘

Lucas 22:14-15

É claro que o seder (jantar, ou literalmente – ordem, organização) celebrado por Yeshua foi uma noite antes, para que exatamente em 14 de Aviv ele pudesse a tarde, cumprir a profecia dada a nossos antepassados e ser imolado por todos nós como Cordeiro de Pessach que tira o pecado do mundo.

Assim como Yeshua fez,  o nosso povo, continua a ensinar e celebrar Pessach.

E você, meu irmão ou irmã, o que tem ensinado aos seus filhos?

Os moadim, as Festas são do Senhor, para todos aqueles que querem segui-lo com diligência.

Mas o que a Igreja vem perpetuando de geração em geração?

Será que esta geração tem ouvido sobre o Cordeiro de Pessach? Ou sobre o líder de uma nova religião que substituiu a congregação de Israel já que esta matou o “seu” Rei?

Não existem duas Páscoas, a judaica e a Cristã. Este pensamento vem do ano 325 dc. no Concilio de Niceia, organizado pelo imperador romano Constantino.

Um dos propósitos do Concílio de Nicéia era alterar a data da celebração da Páscoa para “Easter” que deveria ser mudada para o domingo após a primeira lua cheia, após o equinócio da primavera. Em outras palavras – não deveria ter nenhuma conexão com o Pessach judaico (bíblico) . Vejamos as palavras do imperador Constantino:

Não deveríamos, portanto, ter nada em comum com os judeus, pois o Salvador nos mostrou outro caminho. E conseqüentemente, ao adotarmos unanimemente este molde, desejamos, queridos irmãos, separar-nos da detestável companhia dos judeus. Como podem eles estar certos, aqueles que, após a morte do Salvador, não foram mais guiados pela razão, mas pela violência selvagem, como a sua ilusão os pode impelir? Ainda seria seu dever não manchar sua alma através de comunicações com pessoas tão perversas como os judeus. É nosso dever não ter nada em comum com os assassinos de nosso Senhor.       

Na época, havia cerca de 1.800 bispos na Igreja. Aproximadamente 120 deles eram judeus. Jen Rosner observa: “De todos os relatos que temos, esses bispos judeus crentes em Yeshua não estiveram presentes no concílio de Nicéia e, além disso, não foram convidados.

Algumas centenas de anos antes, foi a liderança judaica dos seguidores de Yeshua que não apenas espalhou o Evangelho a outras nações, mas foram os pais da fé. Agora, eles nem sequer são convidados para o concílio da Igreja, de maior importância, desde o Concilio de Atos 15. Ironicamente, a liderança no Concílio de Jerusalém em Atos 15 era exclusivamente judaica e determinou que os gentios poderiam tornar-se crentes no Deus de Israel sem precisarem realizar a circuncisão. Em Atos 15, os crentes judeus decidiram incluir os gentios. Em Nicéia, os bispos gentios decidiram excluir os judeus.

Vamos finalizar, retornando a Exodo 12, no verso 14

‘E este dia vos será por memória, (em hebraico – zicaron) e celebrá-lo-eis por festa (em hebraico – chag )ao Senhor ; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo. ‘

Em Lucas 22:19 vemos que Yeshua usa a mesma expressão de Exodo 12.14

‘E, tomando o pão e havendo “dado graças”, partiu- o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim.’

Ou seja, Yeshua estava reforçando o fato de que o Chag HaPessach é um memorial que deve ser perpetuado por nós.

E por fim em Lucas 22.20

‘Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que é derramado por vós.’

Lembremos que em Levitico 17.11 lemos

‘Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida. ‘

Esse principio parece ter ficado esquecido ao longo da historia do nosso povo. Hoje mesmo sem o templo existir, muitos judeus creem que apenas fazendo suas orações e caridade poderão ser perdoados de seus pecados, porém sabemos que nunca foi assim.

Oremos para que neste Pessach, os olhos do nosso povo sejam abertos para que não apenas cumpram um ritual, mas sim haja revelação da necessidade do sacrificio do Cordeiro, e do sangue nas nossas portas, mas principalmente nas portas do nosso coração.

Desejamos a todos os amigos de Israel – חג פסח שמח  Chag Pessach Sameach – Feliz Festa de Páscoa!